Pesquisadores da Johns Hopkins
University encontraram uma elevação estatisticamente significativa de desordem
depressiva importante em apenas três de 104 ocupações pesquisadas. Quando os resultados foram agrupados de
acordo com a sociodemografia, porém, os advogados ficaram com o primeiro lugar,
sofrendo de depressão em um nível de 3,6 vezes mais alto do que todos aqueles
que tinham um emprego. Os advogados
também sofrem mais de alcoolismo e dependência de drogas ilegais do que
praticantes de outras profissões. O
índice de divórcios entre advogados, sobretudo mulheres, também se mostra mais
alto do que entre outros profissionais.
Assim, qualquer que seja a medida adotada, os advogados personificam o
paradoxo do dinheiro perdendo o poder: são os profissionais mais bem pagos e,
no entanto, não são felizes nem saudáveis.
E eles sabem disso; muitos estão se aposentando mais cedo e outros,
deixando a profissão.
A Psicologia Positiva considera
três as causas principais do baixo estrado de ânimo entre os advogados. A primeira é o pessimismo, definido não no
sentido coloquial (ver o copo meio vazio), mas no estilo de explicação
pessimista. Esses pessimistas tendem a atribuir a causa de eventos negativos a
fatores estáveis e globais ( “Vai durar para sempre e vai contaminar tudo”). O
pessimista considera os maus eventos penetrantes, permanentes e incontroláveis,
enquanto o otimista os considera localizados, temporários e mutáveis.
Assim, os pessimistas são
perdedores em várias frentes. Mas existe
uma brilhante exceção; os pessimistas se dão melhor no direito. Contrastando nitidamente com os resultados de
estudos anteriores em outras áreas, os pessimistas estudantes de direito, em
média, tiveram desempenho melhor em medidas tradicionais de realização do que
seus colegas otimistas.
Entre os advogados, o
pessimismo é visto como vantagem porque, ao considerar os problemas como
penetrantes e permanentes, estão atendendo ao que os meios jurídicos chamam de
prudência. Uma perspectiva prudente permite ao bom advogado enxergar todas as
armadilhas e catástrofes possíveis em uma determinada transação. A capacidade
de antever problemas e deslealdades, impossível a um otimista, é altamente útil
ao advogado , que, assim, pode ajudar o cliente a se defender dessas
eventualidades improváveis. Assim como
prevêem resultados negativos para o cliente, prevêem resultados negativos para
si mesmos. Os advogados pessimistas são
mais propensos a acreditar que não vão conseguir arranjar uma companheira, que
sua profissão é uma máfia, que a esposa é infiel ou que a economia caminha para
o desastre. Desse modo, o pessimismo, tão útil à profissão, traz com ele alto
risco de depressão na vida pessoal.
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Fonte: Excertos de Felicidade autêntica: Usando a nova
psicologia para a realização permanente / Martin E. P. Seligman / Rio de
janeiro: Objetiva, 2009
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